Necessária modernização do agronegócio

Por: Deputado Federal Vinicius Poit
dep.viniciuspoit@camara.leg.br
Formado em Administração de Empresas pela EAESP – FGV e pós-graduado em Coaching, pela Sociedade Brasileira de Coaching. Filiado ao Partido Novo, eleito deputado federal por São Paulo em 2018.

O século XXI chegou. Mas o Brasil ainda não abraçou a agenda do futuro e insiste em continuar nos mais antigos moldes institucionais. Enquanto o País deixa o bonde da tecnologia passar, o resto do mundo toma como prioridade o desenvolvimento econômico, a qualificação da mão de obra e a modernização do governo e do Estado brasileiro para abraçar o futuro.

E, em se tratando especificamente do Brasil, não podemos deixar de olhar com especial atenção para o agronegócio, que já responde por quase 25% do PIB do País. É um dos nossos pontos fortes e pode ficar cada vez mais forte com uma agenda legislativa objetiva e pragmática. Chegou a hora de falar em tecnologia no campo, para a agricultura e pecuária de precisão, com otimização de insumos e mais produção no final da safra.

A medida da nossa produtividade está intimamente ligada com o nível de nossa tecnologia. Na época dos arados e colheitadeiras com tração animal, a produção era infinitamente menor se em comparação à época dos tratores e tração mecânica. Os anos da década de 1950 e a revolução verde elevaram ainda mais a eficiência no campo com a chegada de pesticidas e fertilizantes. Foi o grande salto da produção agrícola no século XX.

Agora, chegou a hora de coordenar todos esses insumos com a maior eficiência imaginável e o menor desperdício possível. A aplicação de defensivos sobre uma lavoura não se pode dar ao luxo de utilizar pesticida sobre áreas desnecessárias. É necessário adotar a precisão como prática comum à agricultura, mediante uso de agroquímicos com mensuração prévia e aplicação exata. E para monitorar a lavoura com esse grau de precisão, o respaldo da conectividade tecnológica precisa estar pronto para garantir a integração do campo, sensores de monitoramento e central de inteligência com as máquinas de direcionamento e aplicação dos componentes.

E importante notar que a pauta da conectividade no campo já está sendo trabalhada em Brasília. Discutem-se possibilidades de financiamento, por exemplo, de utilização de fundos hoje existentes para abranger, além de seu escopo tradicional e já ultrapassado, esta nova agenda para o Brasil. O FUST e o FISTEL têm essa característica.

Outro grande desafio que não podemos ignorar é o financiamento da atividade agrícola em si. É capital de giro para a lavoura, para comprar sementes e fertilizantes, contratar a mão de obra que deverá cobrir a safra, e custear todos os equipamentos que farão a colheita. Por outro lado, no panorama fiscal de hoje, com a mudança de paradigmas sendo colocados no sentido de combate às subvenções e subsídios, novos mecanismos de crédito devem ser encontrados e explorados.

Nosso país já conta hoje com títulos de crédito como o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio). Mas podemos avançar muito ainda nesta pauta. O registro dos títulos de CRA no exterior, a título de ilustração, pode desenhar um incentivo positivo para os investimentos externos no agronegócio brasileiro. Segurança jurídico deve ser prioridade: garantir o respaldo da lei e a confiança do investidor são os elementos que trarão recursos para cá. Afinal, somente com clareza da letra legal e o devido respaldo jurídico é que o elemento básico da confiança pode se estabelecer.

A agenda para o agronegócio é farta e deve ser amplamente trabalhada. O Brasil tem pressa e Brasília deve estar atenta a tais anseios. Chegou a hora de dar o protagonismo da tecnologia também nas lavouras e nos campos do Brasil.

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