Célia Leão conta sua trajetória na vida pública, abre sua vida pessoal e fala sobre como foi parar de andar aos 40 anos e como é lutar pelos direitos e ideais junto com mais de 9 milhões de brasileiros.
Quem é Célia Leão? Como surgiu o interesse pela vida pública?
Vida pública é consequência de um trabalho realizado ao longo de um período, pensando o bem das pessoas numa sociedade melhor construída. Todas as pessoas têm talentos, sonhos, ideais e desde a mais tenra idade, cada um ao seu modo, vai crescendo e desenvolvendo seus potenciais, buscando caminhos onde seus objetivos possam ser alcançados. A Vida pública é um caminho de transformação, pensando que todas as políticas públicas passam dentro deste cenário, Executivo ou Legislativo. De forma quase que natural, fui fazendo a boa política de atendimento e quando me dei conta, eu já estava afeta às políticas partidárias, e nesse momento, convidada que fui, pelos líderes à época, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e Magalhães Teixeira (Prefeito de Campinas), pelas pessoas e pelos ideais do partido, filiei-me ao PSDB. Uma pessoa comum que, aos 19 anos reaprendeu o valor da vida enquanto presente de Deus, e aprendeu, de forma definitiva, que o potencial, capacidade e competência de cada um, não está numa característica única, mas na somatória de todos os seus valores. Há 40 anos, parar de andar foi e era um grande problema. Hoje, com minha cadeira, minha melhor amiga, vejo que foi possível constituir uma família, ser mãe de 3 filhos; Rodrigo (32), Diogo (29), Stephanie (25) uma das maiores razões e alegrias da minha vida, além do meu trabalho “de vida pública” que me completa por inteiro
2019 foi um ano de desafios e novas perspectivas. Como foi assumir a Secretaria da Pessoa com Deficiência? Era algo que já estava em seus planos?
Vida Pública é um mapa a ser desbravado, não pode ter fronteiras nem medos. Cada coisa no seu devido lugar e no momento certo. Fui Vereadora de Campinas, onde iniciei uma série de desafios. Sem prepotência alguma, mas com orgulho e uma força contínua, sei que pude muito contribuir dentro do Legislativo do Estado de São Paulo como Deputada, por 28 anos. Foram 8 mandatos no Legislativo de muito trabalho, doação absoluta, e reafirmando a cada dia, de forma plena, que Vida Pública é exatamente o serviço e o servir. Assumir mais essa tarefa, agora no Executivo, como Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, é um momento ímpar, onde com o apoio total do Governador João Dória, e do Governo de São Paulo, há 14 meses, estamos trabalhando diuturnamente, para que as pessoas com deficiência ocupem o lugar que é delas.
Uma Secretaria de suma importância que atende mais de 9 milhões de pessoas no estado, qual o balanço de 2019? Quais programas, ações foram implementadas. Qual a satisfação de Célia Leão neste primeiro ano trabalhado à frente da Secretaria?
De fato, é uma Secretaria de extrema importância, não só pela quantidade de pessoas que ela atende, mas sobretudo o perfil dessas pessoas. São pessoas com deficiência auditiva, visual, múltipla, física, intelectual, autistas e ainda uma infinidade de doenças raras que também levam muitas das nossas crianças e jovens a desenvolverem uma deficiência. Hoje dentro da pasta, posso afirmar que a Secretaria mais do que importante, é imprescindível, pois reúne de forma transversal, todas as políticas públicas no atendimento direto a essa gama de pessoas, quer seja na saúde, educação, emprego, reabilitação, transporte, e tantos outros temas que fazem parte do dia a dia de todas as pessoas com deficiência. 2019, foi um ano de readequação dos Programas existentes, da criação de novos Programas e de fazer uma Secretaria mais eficiente, considerando o custo x benefício e o impacto dos nossos Programas e Ações. Aprendi com meu pai, e a cada dia reaprendo com o Governador João Dória, que quando nos propomos a fazer algo na vida, temos que fazer o melhor, buscar a excelência e tentar ser o melhor. Essa somatória de lutas não é uma satisfação pessoal, mas de um resultado de um bom trabalho oferecido aos brasileiros de São Paulo.
O que a população pode esperar para este ano de 2020?
A cada novo ano que se inicia, esperanças e expectativas se renovam, e com esse olhar é que trabalhamos para atingir na ponta, as pessoas com deficiência que mais precisam.
De que maneira a Secretária se faz presente em todos os municípios do Estado? É uma tarefa difícil ou consegue atender a demanda?
Nossos programas e projetos da Secretaria têm como objetivo atender os 645 municípios do Estado, quer seja capital, litoral ou a grande maioria dos municípios que ficam no interior do Estado. Geração e disseminação de conhecimento, defesa de direitos, informações gerais a sociedade, cursos, seminários, reabilitação, emprego e renda, gênero e deficiência são algumas das formas usadas para atingir esse grande Estado. Certamente não é uma tarefa fácil, somos um Estado populoso, com muitos municípios, e o nosso governo, de forma proba e com total seriedade com o dinheiro público, nos faz investir com limites o orçamento do Estado, e com isto, buscamos ainda parcerias com a iniciativa privada, não só pelos valores que possam nos apoiar, mas com o envolvimento do setor privado com o tema das Pessoas com Deficiência.
Além de representar milhões de pessoas, Célia Leão representa a força da mulher brasileira. E, neste mês que é totalmente dedicado a elas, qual o recado para tantas brasileiras representadas pela Sra.?
Ser HUMANO já é um presente, SER MULHER é uma dádiva, onde todas nós e eles também, sabemos que a mulher como regra, tem que fazer o dobro (e ela faz) para pontuar sua competência. Usa de toda a sua força para cumprir suas obrigações, quer seja como mãe e pai (cuida da família), como orientadora, como economista dentro de casa, como assistente social no apoio à sociedade carente, e ainda não perde seu jeito feminino, suas habilidades, ternura e sua obsessão em estar sempre presente e não falhar nunca. Com certeza, não só não exagerei nos qualificativos de uma mulher, como não deixei de acrescentar outras tantas qualidades que a mulher é capaz de desenvolver. Penso assim de todas as mulheres. Quando existe alguma falha ou dificuldade, é porque à ela, não foi dada oportunidade, nem reconhecimento, nem espaço. Não sou eu quem as represento, mas sim a força de todas elas, que somada ao compromisso e atenção que o Governador João Dória tem pela causa das mulheres, garante chegarmos ao espaço da mulher, que são todos!
Agora falando diretamente para a pessoa com deficiência, ao seu ver, o que ainda falta melhorar em nosso país quando o assunto é legislação e direitos da pessoa com deficiência?
Eu arrisco dizer de que nossa Legislação Brasileira, desde a Carta Magna (Constituição Federal – 1988), passando por Leis Ordinárias, Decretos, LBI – Lei Brasileira de Inclusão, entre outras, estamos bem servidos. Estou convicta de que, de todas as barreiras existentes – que não são poucas – ainda no emprego, acessibilidade, transporte… a maior delas é o que chamamos de barreira atitudinal, que é aquilo que está encravado na cabeça das pessoas e no coração das pessoas, as vezes de forma quase irreversível, onde o binômio perfeito “PESSOAS COM DEFICIÊNCIA”, parece que uma parcela da população, acaba dando mais importância ao contexto da deficiência do que da pessoa humana. Para essa equivocada visão terminar ou diminuir sua intensidade, é preciso muita informação, colaboração e solidariedade.
E falando em lutas e direitos, numa sociedade que luta pela inclusão, mas que infelizmente ainda se depara com preconceito, vamos falar de mercado de trabalho x pessoa com deficiência. Como suprir essa demanda e o que fazer para que cada vez mais empresas e empresários dêem oportunidade?
Emprego, trabalho e renda, garantem autonomia, liberdade e dignidade para aqueles que podem exercer. Oportunidades iguais para todos, é um direito e com esse direito garantido, certamente conseguiremos incluir, dezenas, centenas e milhares de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. É preciso que pessoas com deficiência sejam capacitadas. Para isso existem métodos e políticas públicas como o Programa “Meu Emprego Trabalho Inclusivo”, mas é preciso também que o olhar respeitoso do comércio, das industrias e das empresas, saibam que contratar uma pessoa com deficiência para o seu quadro funcional, certamente é trazer alguém qualificado para desenvolver a tarefa, mas também movimentar a economia, pois estas pessoas assim como os demais cidadãos, contribuem para a arrecadação de impostos e giram a economia de consumo. Todos nós buscamos e lutamos por justiça na sociedade. Entendo eu que só há um caminho: a promoção da igualdade.
Qual o seu recado final para o leitor (a) Pró-Governo?
Informação é a base do sucesso no sentido daqueles que são bem informados, terem a grande possibilidade, de decisão na sua vida e de melhor participação no conjunto da sociedade. A Revista PRÓ-GOVERNO, mostra de forma clara, onde com excelente apresentação no conteúdo e material da revista, o que significa o pilar basilar da nossa República, distribuído entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Há que se reconhecer uma ordem constitucional vigente, pois toda sociedade que prima pelo seu crescimento e desenvolvimento, tem que ter ativo e na prática o binômio da nossa bandeira: Ordem e Progresso no trabalho do dia a dia. A PRÓ GOVERNO informa, ensina de forma didática, cobra, sugere, interage o leitor com os temas da atualidade, fazendo do leitor mais um importante formador de opinião das questões que podem transformar a sociedade.
Aproveitando este maravilhoso espaço da PRÓ-GOVERNO para conversar com centenas de leitores, não posso perder a oportunidade de registrar que Pessoas com Deficiência, ou mulheres com deficiência, ou mulher enquanto gênero, ou todos da sociedade de forma geral e completa, são os grandes responsáveis em garantir com suas ações, pessoais e comunitárias numa sociedade verdadeiramente justa, onde as pessoas possam viver com dignidade e por direito serem respeitadas e felizes. Esta é a orientação clara e inequívoca que o Governo do Estado de São Paulo, através do Governador João Dória nos dá todos os dias para que possamos fazer o melhor no nosso trabalho.
Todos são iguais perante a Lei (art. 5º – Const. Federal – 1988). Todos são iguais perante Deus (uma questão de Fé).