A cada quatro anos o mundo reduz a velocidade para acompanhar as eleições primárias nos Estados Unidos, quando Democratas e Republicanos apresentam aos votantes seus pré-candidatos e propostas, deixando ao crivo do eleitor a escolha do candidato que representará as legendas nas urnas. Foi assim que os últimos presidentes norte-americanos, Joe Biden e Barack Obama, do Democratas, e Donald Trump, dos Republicanos, chegaram à Presidência dos Estados Unidos.
No Brasil, de maneira inédita, o PSDB iniciou o processo interno de escolha do nome que o representará nas urnas em 2022. Disputam a indicação os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, além do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
As prévias tucanas acontecerão, em primeiro turno, no dia 21 de novembro. Por decisão da Comissão de Prévias, grupo formado por representantes dos candidatos e da Executiva Nacional, a eleição não será direta. Isso porque os votantes foram divididos em quatro grupos, compostos por Filiados, Prefeitos e Vice-prefeitos, Vereadores e deputados estaduais e distritais e um último segmento composto por governadores, vice-governadores, Ex-presidentes do Diretório Nacional e a atual Executiva Nacional, além de senadores e Deputados Federais. Cada grupo representará 25% do total de votos.
Apesar de inédito em âmbito nacional, as prévias não são uma novidade para a totalidade dos diretórios tucanos. Em São Paulo, por exemplo, somente nos últimos anos foram realizadas duas consultas para a escolha de candidatos à Prefeitura da capital e uma ao Governo do Estado.
Dos três processos de prévias citados, dois foram disputados e vencidos pelo hoje governador João Doria. Apesar de filiado ao PSDB desde 2001, Doria se aventurou nas urnas pela primeira vez em 2016, quando disputou e venceu as prévias para a escolha do candidato a Prefeito da cidade de São Paulo. Depois de superar a disputa interna, ele se notabilizou ao vencer de maneira inédita a eleição paulistana no primeiro turno, deixando para trás o então prefeito Fernando Haddad, do PT.
Em 2018, Doria venceu a eleição para o Governo do Estado também após disputar e vencer as eleições prévias com mais de 80% dos votos dos filiados.
“O PSDB de São Paulo tem um histórico de prévias e de defesa da democracia interna, o que torna esse processo de disputa muito importante para todos nós, pois permite a mobilização do partido em torno da escolha não apenas do seu próximo candidato, mas também, ainda que indiretamente, do projeto de país que vai defender”, explicou o presidente do Diretório do PSDB-SP, Marco Vinholi.
Em entrevista recente, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, defendeu a realização das prévias. ”O PSDB está dando uma amostra ao Brasil de que pode haver um modelo de escolha de um candidato presidencial exercitando a democracia interna dos partidos políticos”, disse.
Candidatos:
João Doria – Governador de São Paulo
Eduardo Leite – Governador do Rio Grande do Sul
Arthur Virgílio – Ex-prefeito de Manaus
Quando será:
21 de novembro – 1º turno
28 de novembro – 2º turno
Quem pode votar:
Qualquer pessoa com filiação partidária anterior a 31 de maio de 2021 e que esteja cadastrada no sistema de votação por meio do aplicativo “Prévias PSDB”, disponível para celulares.
Como será a votação:
O modelo será híbrido. Filiados e vereadores votarão de maneira remota por meio do aplicativo Prévias PSDB. Os demais votantes participarão de evento em Brasília e votarão diretamente em urnas eletrônicas.
Entrevista
Peça-chave nas duas eleições vitoriosas do governador João Doria em São Paulo, o tucano Wilson Pedroso foi o escolhido para coordenar sua campanha de prévias em todo o Brasil. Tucano dito raiz, ingressou no partido aos 14 anos, na Juventude do PSDB, onde foi líder de Bruno Covas (morto em 16 de maio deste ano).
Acompanha Doria desde sua primeira disputa em prévias, em 2016, quando foi o indicado dos filiados para disputar a Prefeitura de São Paulo. Feito inédito, venceu no primeiro turno em uma campanha também coordenada por Wilsinho, que hoje ocupa o cargo de secretário Particular de Doria no Palácio dos Bandeirantes.
Em entrevista, Pedroso falou sobre o processo de prévias, os planos de Doria para o Brasil e suas conquistas no Governo de São Paulo:
O governador João Doria disputa neste ano, pela terceira vez, uma eleição interna que, se vitoriosa, lhe dará o direito de disputar as eleições presidenciais em 2022. Como o senhor vê hoje as chances de vitória do governador?
Temos percorrido o Brasil para ouvir as pessoas, ouvir o partido e apresentar nossa proposta de Brasil. Com certeza a ideia de país que o PSDB e, especificamente, o Doria tem é muito distante desse que vivemos hoje. Para começar, o Brasil de Doria teria um presidente que trabalha duro, é determinado e tem um plano de ação para trazer desenvolvimento, emprego, renda, educação e saúde para os brasileiros. E em todos os locais que visitamos neste processo de prévias, e já foram mais 17 estados, ele é recebido com carinho e esperança. Temos convicção que o João Doria tem tudo para vencer as prévias e ser o nome da terceira via em 2022.
Se for o candidato do PSDB, o governador João Doria deve enfrentar dois peso pesados da política: o ex-presidente Lula e o atual, Jair Bolsonaro. Na sua opinião, qual o trunfo de Doria para superar ambos e vencer as eleições em 2022?
A verdade e o trabalho. Tenho certeza de que o resultado das pesquisas hoje não se manterá em 2022 quando os candidatos começarem a apresentar suas propostas e os eleitores forem lembrados de quem são, de fato, os dois populistas que lideram a disputa hoje. O Brasil está cansado. Enfrentamos a pior crise da nossa história, com pandemia, crise econômica, política, tudo ao mesmo tempo. Para além de Lula e Bolsonaro, Doria tem trabalho real para mostrar. Veja São Paulo: apesar da pandemia, cresceu 0,5% em 2020 e a previsão é superar os 7,5% em 2021. Nosso estado terá, no biênio 2021/22, os maiores valores de investimento da história do Estado. Serão R$ 50 bilhões, que se reverterão em mais de 8 mil obras e 200 mil empregos. Isso é desenvolvimento, é renda, é emprego. É o que o Brasil precisa. Além disso, Doria tem o mérito de ter lutado pela vida dos brasileiros na questão da vacina contra a Covid. Eu sei e todo brasileiro sabe que se não fosse o Doria não estaríamos hoje vacinados e retomando nossas atividades. Por isso, trabalho e verdade serão os pontos fortes do Doria na campanha de 2022.
São Paulo é o estado mais bem representado do PSDB, onde vocês são governo há quase três décadas e possuem um terço dos prefeitos, dois senadores e o maior número de vereadores do Estado. A que o senhor atribuiu esse crescimento constante do partido?
O PSDB de São Paulo é um partido vivo, em constante crescimento e que não tem medo da renovação. Ao contrário, aqui a gente busca novas lideranças, incentiva filiações, promove a diversidade, as mulheres e os jovens. Esse, aliás, é um mote do governador João Doria, que acredita muito na força da mulher e da juventude como instrumento de renovação. Aqui a militância é orgânica e participativa e contamos com lideranças fortes, só para citar o próprio Doria e agora o vice-governador Rodrigo Garcia. O segredo é nunca esmorecer, nunca se dar por satisfeito. Traçamos metas, planejamos estratégia e focamos num processo constante de avanços. E é por isso que confio tanto que a vitória de Doria nas prévias nascerá em São Paulo e se espalhará pelo Brasil.