Com a revalorização do modal de transportes ferroviário, não podemos deixar de recordar a importância da renovação antecipada da Malha Ferroviária Paulista como catalisador desse processo. Fruto de muito trabalho, diálogo, perseverança e união entre diversos setores, a renovação teve início em 2016, quando decidi fazer um estudo de viabilidade econômica da Malha Paulista, reunindo uma série de técnicos, a fim de atrair investidores.
Já em 2017, a empresa Rumo Logística acolheu nosso trabalho e passou a confiar no potencial do projeto de conectar todo o Oeste Paulista ao porto de Santos e ao mundo. Fundamentais nesse processo foram também as inúmeras audiências públicas que organizamos, ao longo de 2018, com lideranças políticas do estado, nas cidades de Marília, Dracena e Bebedouro, que contaram também com a presença do governo estadual e com o Ministério Público.
Tamanha mobilização política rendeu frutos ainda em 2018, quando a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deu, em setembro, seu parecer favorável à reativação da malha. Em novembro de 2019, o deputado federal Enrico Misasi e eu estivemos em Brasília com o ministro Augusto Nardes, que foi relator do processo no Tribunal de Contas da União (TCU) e concedeu o parecer favorável.
Desde que o TCU deu o último sinal verde que faltava em maio de 2020, passos concretos já foram dados, a partir da assinatura do contrato. Já em setembro, a empresa antecipou ao governo federal R$ 5,1 bilhões, sendo R$ 2,82 bilhões referentes à Malha Paulista, com recursos captados em grande parte junto ao setor privado, o que demonstra a confiança na viabilidade do projeto. Em março deste ano, a Rumo inaugurou o trecho que conecta a Malha Paulista à Ferrovia Norte-Sul. Neste momento, mesmo com o desafio sem precedentes posto pela pandemia, a empresa realiza a prospecção para revitalizar os Ramais Panorama-Bauru e Colômbia-Bebedouro.
A previsão total de investimentos passa de R$ 6 bilhões, mas o impacto desse projeto é muito maior do que suas cifras financeiras expressivas. Com a reativação dos ramais, todo o interior paulista será beneficiado por processos de sinergia econômica que vão aumentar sobremaneira o potencial do nosso agronegócio e de outros setores econômicos, gerando um ciclo de geração de emprego e renda e de aumento da produtividade com sustentabilidade. Mais ferrovias significam menos emissões de gases de efeito estufa, e isso reforça o caráter sustentável de nossa agricultura, o que possibilitará ampliar ainda mais nossas exportações.
Uma realização desta envergadura começa como todo sonho: com uma visão de futuro e um projeto. Mas só se torna realidade sonho que se sonha junto. Nada disso seria ou será possível sem o suor do trabalho constante, a perseverança diante das adversidades e a união de pessoas em torno de uma visão comum e de uma ação comum. Essa é uma das lições políticas que a renovação da Malha Paulista nos ensina.
Reinaldo Alguz – Deputado Estadual
