1-De prefeito de Campos do Jordão a presidente da Associação Paulista de Municípios. Como foi para o Sr. Essa transição e assumir o novo cargo?
Confesso que é uma honra presidir a mais antiga Associação de Prefeitos do país. A APM tem 72 anos de história na luta pelo municipalismo, que não é apenas um movimento, mas sim um exercício de vida, uma convicção. Eu pretendo honrar esta trajetória assim como fiz quando assumi o cargo de prefeito e garantir tudo aquilo que já foi conquistado pelos meus antecessores avançando ainda mais. Tenho compromisso com o trabalho e resultado. Só acredito num País forte se os municípios forem fortes. Um novo pacto federativo, a discussão de temas nacionais a partir da logica municipal e uma reforma sistêmica que privilegie o bem estar de vida do cidadão é fundamental para construirmos um futuro melhor. Os Municípios são os grandes executores das políticas públicas. Veja como exemplo o momento em que vivemos. A pandemia acontece nas cidades. É no gabinete dos prefeitos que as decisões que afetam toda a comunidade são tomadas. Se faz necessário que os prefeitos e prefeitas, cada vez mais se alinhem com a ciência e encontrem, em seus pares, exemplos de ação e força. Então, o municipalismo cada vez mais se torna uma ferramenta, não apenas para as grandes ações, mas também para as cotidianas.
2-É a primeira vez que um prefeito de Campos do Jordão assume o posto. Qual o sentimento?
Responsabilidade. Ter sido prefeito de Campos do Jordão me ensinou muito. Foram anos de muito trabalho em que conseguimos modernizar e transformar a administração municipal dando saltos importantes em diversas áreas. E agora é momento de novos desafios. Conheço bem as dificuldades que os prefeitos enfrentam no dia a dia. Sei que temos que fazer prevalecer a voz dos prefeitos e prefeitas nas definições das políticas públicas nacionais e estaduais. Temos que fortalecer o diálogo entre os entes federados e construir um novo caminho no sentido de viabilizar melhores condições de vida e oportunidades para as pessoas. Por isso sinto que presidir a APM nesse momento da história é uma imensa responsabilidade, mas também uma grande missão.
3-O Sr. Assumiu a presidência vinda de Carlos Cruz. O que fica de experiência e de ensinamento para os próximos anos, tendo em vista o trabalho desempenhado por ele também?
O Presidente Cruz, como carinhosamente o chamo, além de um grande amigo é um dos baluartes do municipalismo paulista e brasileiro. Tive a honra de ter sido seu primeiro vice-presidente na gestão anterior e compartilhado muito aprendizado em razão dessa experiência que ele acumulou nestes anos de luta. É muito bom saber que está conosco agora na presidência do Conselho Deliberativo da APM e que continua a nos auxiliar. O simples fato de tê-lo na gestão, assim como vários outros nomes históricos, nos dá conforto para saber que estamos no caminho certo, minimizando a possibilidade de errar associando a sua experiência, com o nosso dinamismo.
4- Estar à frente de 645 municípios é um desafio e tanto. O que os prefeitos paulistas podem esperar de Fred Guidoni nesses próximos anos?
Em primeiro lugar muito trabalho. Representar lideranças municipais é algo especial, por isso vou me dedicar muito. Podem contar com APM de portas sempre abertas, como parceira em todos os momentos. O meu compromisso é de luta e de diálogo. Independente das cores partidárias vamos marchar com as bandeiras municipalistas. E para isso, além da posição institucional da associação, junto aos Governos Federal e Estadual na defesa dos interesses dos Municípios, já estamos trabalhando na criação de um banco de boas práticas e bons projetos, que sirva de referência e orientação para todas as cidades. O desejo é de que qualquer município de São Paulo, ou até mesmo do Brasil, possa ter acesso ao que de melhor vem sendo executado nas prefeituras e assim possam fazer igual ou até mesmo melhor. Já até firmamos protocolo de intenções com associações de outros estados para compartilhar essas boas práticas. A FECAM (Federação Catarinense de Municípios) foi a primeira.
5- Como está sendo assumir a APM em meio à uma pandemia?
É um momento delicado. A pandemia mudou a forma como nos relacionamos e, portanto, a forma como vivemos. É nas cidades que sentimos essas mudanças. Por isso a importância da Associação reforçar seus laços e compromissos com os gestores municipais. Temos que enxergar a real necessidade de termos recursos disponíveis para fazer frente a crise sanitária. E ninguém melhor do que os gestores municipais para saberem quais as necessidades da sua população. Mais do que nunca precisamos de um municipalismo forte, capaz de atuar com firmeza e exigir que mudanças sejam levadas a termo, de forma a, definitivamente, restabelecermos uma participação mais justa e compatível com o nível das obrigações que nos são demandadas como gestores públicos. Esta não é uma tarefa isolada. É o momento de fortalecer as pontes democráticas e nos unirmos para juntos buscarmos soluções para este grave quadro social em que estamos inseridos, sobretudo agora, diante da Pandemia. É justamente em momentos de crise, que a força das novas ideias se mostra mais necessárias para o país. Em todas as cidades, há criatividade, empreendedorismo e força de vontade suficientes, para superar as dificuldades. Estou convencido que é este dinamismo, é a coragem, é a garra dos prefeitos e prefeitas, é o protagonismo das cidades e dos seus homens públicos, que farão a diferença neste momento.
6- Falando em pandemia, atual cenário, economia e tudo mais, quais as pautas e medidas já para esse início de ano?
Neste cenário é preciso criar alternativas, ter coragem para fazer o que antes não foi feito e compromisso com a democracia e com as leis que regulam a vida pública, para somarmos esforços e vencermos os desafios. Por isso, estamos criando, na APM esse portal de Boas Práticas Municipais. O objetivo é inspirar gestores municipais a inovar e desenvolver soluções criativas para melhorar o dia a dia nas cidades. Queremos compartilhar essas experiências bem sucedidas de forma que elas possam ser adaptadas aos diferentes contextos municipais. Porque a nossa luta é para dar ao munícipe aquilo que por direito é seu. A cidade é o palco do cidadão. Isso coloca os municípios em um lugar privilegiados para o exercício da cidadania, onde a busca da eficiência do serviço prestado é um dos anseios dos brasileiros. Para garantir efetivamente um regime democrático e participativo – e este é o modelo de governo que nós escolhemos, de maneira explícita, com a Constituição de 1988, que define o nosso Estado como uma democracia não apenas representativa, mas também participativa – é preciso que tenhamos a coragem de propor um novo pacto federativo. A Constituição de 1988 foi um grande avanço, ao incentivar a participação cidadã e oferecer autonomia de gestão aos municípios. Foi ela quem conferiu ao município o “status” de ente federativo autônomo, em pé de igualdade com a União, os Estados e o Distrito Federal. O grande desafio a ser enfrentado pelos municípios nos próximos anos é conquistar uma reforma política, administrativa e tributária que garantam as condições políticas e financeiras necessárias para que sejam realmente fortes para cumprir o papel fundamental que devem ter na administração da coisa pública.
7- E a longo prazo? Fred Guidoni já está pensando lá na frente? Pretende voltar à prefeitura algum dia?
Isso não está no horizonte. Fui prefeito por oito anos de uma cidade turística que hoje é um destino dos sonhos. A cidade acaba de ser destacada, numa pesquisa feita pela TripAdvisor que reconhece os melhores destinos na opinião dos turistas. São locais que mesmo em meio à pandemia, cresceram em segurança e popularidade, ganharam avaliações positivas e inspiraram a vontade de visitar de novo. Entre os 35 destinos mundiais, somente Campos do Jordão e Natal figuram na lista como cidades brasileiras entre os destinos em Alta no Mundo. Então, penso, que o trabalho foi cumprido. A hora agora é de pensar no meu mandato à frente da APM.
8- Quem é o cidadão Fred Guidoni, como surgiu o gosto pela vida pública? Fale um pouco sobre você
Uma pessoa de hábitos simples. Um cidadão solidário e preocupado com as próximas gerações. Alguém que gosta muito de trabalhar. Estou sempre em busca de fazer algo relevante, com espírito público e democrático, sempre pronto para aprender. Pai de duas lindas meninas, marido apaixonado, enfim, uma pessoa comum.
9-Deixe uma mensagem para os prefeitos.
Determinação, força de trabalho, planejamento e foco. Manter o ânimo e sempre olhar para sua cidade com muito amor. Fazer história todos os dias nas pequenas ações e nos menores gestos. Cuidar do seu povo e garantir que tenham oportunidades. Desejar um futuro melhor e lutar por ele. E como os tempos ainda serão difíceis em virtude da pandemia, defender a vida.
10- Gostaria de acrescentar alguma informação que não foi dita?
Sim. Como Presidente da Associação Paulista do Municípios gostaria de finalizar rendendo homenagens ao valoroso trabalho do Instituto Butantan e todos seus cientistas, por garantirem a todo o país a esperança em forma de vacina. Fundamental ressaltar a liderança do governo do Estado de São Paulo e do Governador João Dória, que foi incansável, visionário e valente, para que a vacina fosse uma realidade. E a todos prefeitos e prefeitas que corajosamente tem sido exemplos, em suas cidades, no combate a pandemia.